Estado reconhece assassinatos da ditadura de 1964 em Minas Gerais em cerimônia histórica
Um marco de memória e justiça foi registrado na última quinta-feira (28) em Belo Horizonte. Durante audiência da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), dezenas de famílias receberam certidões de óbito revisadas, que reconhecem oficialmente que seus parentes foram mortos de forma violenta pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar instaurada em 1964.
Estados de Minas Gerais reconhece assassinatos da ditadura
Até então, os documentos oficiais eram vagos ou traziam informações falsas sobre as circunstâncias das mortes, muitas vezes registradas apenas como “desaparecimento” ou “morte natural”. Agora, o Estado assume formalmente a responsabilidade por essas execuções e desaparecimentos. No total, 63 certidões foram corrigidas e 22 delas entregues diretamente às famílias em uma cerimônia marcada por emoção, com auditório lotado e fotos das vítimas expostas nas paredes.
A presidenta da comissão, deputada Bella Gonçalves (Psol), destacou o simbolismo do ato realizado no mesmo período em que o STF julga os acusados pela tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. “Isso mostra que a nossa democracia ainda é frágil. Precisamos resgatar a verdade histórica para que a ditadura nunca se repita”, afirmou.
O evento contou também com familiares de militantes mortos, como Mônica Fonseca, parente de Adriano Fonseca Filho, desaparecido na Guerrilha do Araguaia, e Lurdinha Rocha, da família de Arnaldo Cardoso Rocha, da ALN. Para elas, além do reconhecimento, a luta segue sendo por justiça — algo ainda distante diante do pacto de anistia que protegeu agentes ligados ao regime militar.
A solenidade foi organizada em parceria com a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), ligada ao Ministério dos Direitos Humanos. Segundo a comissão, outros estados também devem realizar cerimônias semelhantes em breve.